Tudo depende de como você vê


Naquela noite pedi um presente.
Ao invés, do meu desejo.
Não pude ver a luz no outro dia.
Tudo ficou confuso na minha mente.
As idéias estavam soltas.
Perdidas na estratosfera.
Fiz uma ligação.
Um pedido de socorro.
Ninguém estava disponível pra mim naquele momento.
Fiquei aflita
Indecisa.
As escolhas já não eram meu maior problema.
Tudo passou como um flash
E vi toda a minha vida
projetada em segundos...
Com raios, clarões, tempestades e flores.
Tracei minhas metas e objetivos.
Ainda pouco, tão confusos.
Era a última chance, pra fazer tudo diferente.
Desta vez iria dar certo.
Agora! é a certeza que não me abandona.
Estava obstinada, não fiz nenhum pedido, nem desejo.
Apostei nas fichas certas.
A tristeza fugiu de mim.
As pressas, furtiva.
Enfim, tornou-se concreto.
Sem mágoas nem lamentações.
O que vi como pesadelo
Tornou-se dádiva

Um desejo que jamais deveria ser atendido.

Peixe grande e suas histórias incríveis, corruptas e reais

Em tempos conturbados da história da humanidade o povo clama por um destemido paladino. Mas qual será a cara do homem corajoso, defensor de valores éticos e morais na atualidade?


Tá certo que não vivemos num bom momento para reconhecermos grandes heróis reais.
Mas precisamos falar de pessoas que conseguem se destacar das demais. Sem deixar de acreditar que a verdade sempre deve ser contada. Não a verdade inventada ou contada por poucos. A narrativa do que aconteceu, de fato, precisa ser recontada para que a humanidade não perca a oportunidade de acertar espelhando-se em seus erros. Bom! É aqui que entrar o peixe grande, aquele mesmo, do filme "Peixe grande e suas histórias maravilhosas". Que narra a trajetória de um homem que gostar de falar sobre suas grandes histórias vividas quando ainda era jovem. Suas histórias são extraordinárias, mas não conseguem atrair a atenção de seu filho. Para reconquistar seu amor, o pai aventureiro tem que separar a ficção da realidade. Porém, ao falar do enredo de Peixe grande tenho o intuito de fazer uma conexão com a pergunta inicial do post. Além de mostra que ainda existem grandes pessoas que arriscam-se e valorizam a fidelidade ao contar os acontecimentos. Eis o nome. Greg Palast. Claro, que grandes relatos é o que não faltam para Greg Palast. Em seu livro "A melhor democracia que o dinheiro pode comprar" entrei em contato com a obra deste jornalista determinado. Tomei gosto pelo jornalismo investigativo , mesmo que o termo seja controverso. O livro faz mais do que relatar as fraudes nas eleições americanas de 2000. Nos mostra a verdade, baseada em dados concretos, minucioso método de pesquisa e provas documentadas e não em farsas mal inventadas. Se alguém quiser ler, sugiro a versão brasileira, que traz fatos importantes sobre o nosso pais em um capítulo especial. Mais que isso, nos faz ver que pisamos em terras escorregadias e perigosas. É preciso estar mais do que atento. É preciso dormir de olhos abertos.

Greg Palast é um jornalista investigativo cidadão dos Estados Unidos que mora e trabalha
na Inglaterra. Ao conferir seu livro vai se deparar com os abusos que costumam impedir a imprensa de atuar e infringem o silêncio que ronda a verdade. E Ver que tudo está a venda, até o que consideramos inimaginável. Ganhou grandes prêmios britânicos de jornalismo. Para conhecer sobre suas investigações é só acessar: http://gregpalast.com/

I love Will


Já são três anos sem Will. Mas sua genialidade, simplicidade e maestria em suas publicações vão ficar pra sempre não memória daqueles que conheciam sua forma de trabalho. Se não conhece o cara está perdendo. Que tal começar por "O Edifício", "Um contrato com Deus e outras histórias de cortiço" ou "The Spirit"?!? Já conversei com algumas pessoas que viravam a cara para as HQ's e acabaram gostando de Will Eisner. Admirado por suas idéias, William Erwin Eisner transformou-se em uma lendas dos quadrinhos, assim como o Bob Kane e Jack Kirby, dentre tantos outros. Só para se ter uma noção, a história de Spirit, personagem que defendia a cidade de Central City do crime e que era publicado em uma espécie de suplemento de quadrinhos dos jornais chegou a ter 5 milhões de leitores por semana. Contudo, ao reler as aventuras do policial e investigador, Denny Colt, que dado como morto, aproveita da situação para lutar contra o crime, deparei com uma conclusão um pouco inusitada. Eisner é claro em suas histórias, é ingênuo, mas esta ingenuidade e simplicidade é que concede o tom certo de suas histórias. Narrativas que prendem, mexem com o imaginário e, principalmente, com a sensibilidade. A adaptação do personagem para as telonas somente faz reviver a grandiosidade do produtor desse grandioso herói. Spirit foge do estereótipo dos já conhecidos heróis super poderosos.


Estava na cara que o desenhista e roteirista tinha criado seu estilo e diferenciava-se dos demais. Além de utilizar efeitos considerados avançados na época para recontar suas aventuras nas páginas das HQ's. Eisner investiu no enquadramento cinematográfico e transportou-o para dar mais vida e movimento aos seus desenhos. Utiliza-se também do ângulo, efeitos luminosos. Não é por menos que é reconhecido no meio dos quadrinhos. O desenhista tem em seu currículo uma passagem pelo Exército Americano, durante a segunda grande guerra. Foi contratado para criar cartazes e histórias em quadrinhos para entreter os soldados. Com certeza, a arte seqüencial mereceu ter entre os seus alguém tão talentoso e especial.

Will Eisner foi professor de quadrinhos na "Scholl of Visual Arts" em New York e é autor de "Comics and Sequential Art", além de ter um prêmio com seu nome, o "Eisner Awards".

Para finalizar nada melhor do que a fala do próprio:

"Eu não choro ou grito quando desenho, mas sinto como se isso acontecesse dentro de mim".
"É duro para qualquer artista honesto se tornar influência para outros criadores: Acredito que cada um precisa ter a mesma perspectiva de um jornalista imparcial". Eisner

Salvador, Isabel e Paula



Quando conheci Salvador, Isabela e Paula percebi que a história de um país depende de pessoas que não apenas fazem a diferença, mas que são a diferença. Conheci Salvador nas aulas de História do Cleiton e a mim foi apresentado um grande marxista que pincelou a história do Chile rumo à construção do socialismo. Nada mais marcante do que sua voz no rádio em um discurso inflamado, o último antes da morte, no Palácio de La Modena. O Golpe de Pinochet sucumbiu Salvador e levou o marxista ao topo da históra chilena. Anos depois quando conheci Isabel, já já conto como foi, ela me apresentou um Salvador diferente, como um tio distante que iniciou a vida política imbuído de um idealismo panfletário, porém elegante. Enfim, minha relação com Salvador ainda mudará com o passar dos anos quando um outro alguém me apresentá-lo novamente. Conheci Isabel em A Casa dos Espíritos, é claro que já escutara falar dela antes, mas neste momento ficamos mais íntimas. Ela é a mais chilena de todas as peruanas que conheço e conquista amigos-leitores com facilidade de quem tem histórias sensacionais para contar e sabe contá-las muito bem. O que ela nos diz de sua família é muito íntimo e ao mesmo tempo comum porque se compartilha a ternura nas nostalgias da infância, adolescência e vida adulta. É por isso que amo as biografias, porque elas são tudo de mim. Logo depois de A Casa dos Espíritos fiquei mais próxima de Isabel não pelo fato de ler Paula, mas por conhecer dentro destas histórias uma jovem chamada Paula. Ali está Isabel mãe-mulher resgatando a Isabel menina. Então, conheci Paula em um momento difícil desta jovem, mas que a mim não foi apresentada em prostação pela porfiria. Conheci uma filha viva fruto de histórias...resultado de histórias...desfecho de histórias... Quando uma mãe expõe as minúcias de ser mãe pode rechear os casos de um monte de lembranças ou elementos políticos, porém o destaque será sempre o aspecto de mãe contadora de histórias. É assim que Isabel nos emociona falando de sua filha Paula.
Estes três personagens tem em comum o reconhecimento mundial que só Allendes alcançaram. Salvador como presidente, Isabel como escritora e Paula como a filha da escritora de Paula.

ps> a imagem é de Arnd Schultheiss e chama-se "12 de Setembro de 1973" o dia após o Golpe Militar chileno e a morte de Salvador Allende.